A Negociação


- Mestre, a Ordem precisa deste dinheiro. E para a Ordem, pouco importa ser filho ou filha, pois quem vai guiá-la sou eu. Mais importante é o dinheiro, as terras e os incentivos. Seria prejudicial para nossa luta se o negócio não for fechado - Argumentei com Schwanden e ele me respondeu:

- Concordo com você. E pergunto: Você estaria disposto a escoltar uma mulher até a Terra Santa? A viagem por si só já é perigosa. Tendo como responsabilidade a segurança de uma donzela é por demais complicada.

- Sim mestre, estou disposto a mostrar meu valor. E concluindo esta missão com sucesso, voltarei a pleitear minha posição como marechal de campo, voltando a comandar uma tropa nas batalhas do norte. De acordo mestre?

- Me surpreendendo, não Raynard? Reconheço o seu valor como cavaleiro, tanto que o escolhi para a missão. O fato de ter sido fracassada sua incurção à Lobnitz não diminuiu em nada minha confiança em sua capacidade.

- Pois bem mestre, se não há duvidas quanto minha capacidade, me conceda novamente o comando ao meu regresso. Se fracassar pelo menos a Ordem terá fundos para a luta e eu terei morrido em solo sagrado.

Após alguns instantes de reflexão, o grão-mestre proferiu:

- Aceito os seus termos. Escoltará a donzela até a Terra Santa.

- Uma outra coisa mestre, o burgomestre está blefando em relação a pedir ajuda para outra Ordem. Tente tirar mais algum benefício no negócio.

- Confiarei em sua capacidade em descobrir a verdade. Muito obrigado.

Abrimos a porta da sala de jantar e encontramos o burgomestre conversando com um homem que parecia ser o chefe da guarda da cidade. 

- Já temos uma respota Nosch. - afirmou meu mestre.

O homem se retirou e o burgomestre veio em nossa direção, entrando na sala e fechando a porta.

- Que bom que tenham uma posição, positiva para ambos por sinal?

- A missão é muito perigosa e podemos não obter êxito.

- Não tem problema, desde que a levem para Jerusalém, ela...

Interrompi sua fala me pondo a frente do mestre: 

- Mestre permita-me. - meu mestre assentiu com a cabeça.

-  Que pai é este que não quer a filha perto de si? Porque simplesmente não a enviou para um convento? Existem inúmeros que aceitariam essa pequena fortuna para acolhê-la.

- Vocês não conhecem minha filha. A peregrinação para Jerusalém é o que há de melhor para ela. Em um convento ela causaria ainda mais problemas...

- Ela é um problema? Mestre, além dos perigos da viagem, vou escoltar um problema. - me dirigi a Schwanven com um sorriso sarcástico no rosto.

Meu mestre então continuou:

- Então Nosch, você terá que procurar outra Ordem e oferecer uma quantia maior como pagamento, porque...

- Por favor cavaleiros - interrompeu Nosch -  confio na bravura de vossa Ordem, lutei ao lado de soldados teutônicos em Damietta e sei que lutam como verdadeiros heróis. O problema é dinheiro? Posso conseguir mais, mas não agora, posso pagar mais quando regressarem com minha filha. - suplicou o burgomestre.

- Tudo bem, mais 20 mil moedas de ouro quando sua filha regressar e um carregamento de 200 tonéis do seu vinho e que seja vendido com menos margem de lucro para meu castelo. De acordo?  Deseja pedir mais alguma coisa Raynard?

- Sim mestre. Só mais uma pergunta: Nosch que tipo de problema sua filha é?

- Ela me atormenta. É indisciplinada, não aceita seu papel de donzela, se comporta como um homem, não quer vestir roupas adequadas, anda a cavalo, caça e não se importa com a minha condição de chefe da cidade. Os membros do conselho sabem da minha capacidade em gerir a cidade e os negócios, porém o povo comenta que se eu não consigo administrar minha casa, como posso administrar a cidade? Por isso peço, levem-na para Jerusalém, lá ela verá o que é o mundo de verdade. As atrocidades que são cometidas por lá é demais para qualquer alma cristã.

 Gostaria de conhecê-la antes de partirmos.

- Amanhã pela manha no desjejum ela estará aqui.

A Seguir: A Filha do Burgomestre.

Trilha sonora do episódio: